M e d o
Entrar no carro, dar a partida, engatar a marcha, soltar o
freio-de-mão e dirigir até o trabalho é uma rotina comum a muitas pessoas em
Brasília e em várias outras cidades no mundo inteiro. No entanto, o que é
rotina para alguns é dor e tormento para outros. O medo de dirigir atinge um
número considerável de pessoas, muitas das quais não procuram tratamento e
acabam por levar uma vida de dependência e privações. Certamente, você conhece
alguém que possui habilitação, tem um automóvel, mas não dirige. Essa pessoa
pode ter mais do que uma simples ansiedade ou um medo passageiro, ela pode ter
fobia de dirigir.
Segundo Falcone (1995), a diferença entre fobia e ansiedade é
basicamente quantitativa. Isto é, depende de quanto tempo dura o episódio de
ansiedade, da intensidade de ansiedade que a pessoa experimenta, da freqüência
em que esta ocorre, do nível em que o comportamento de esquiva (evitação) é
precipitado pela ansiedade e de como a pessoa que está ansiosa avalia essa
ansiedade.
Quando se tem medo de dirigir, há um estado de apreensão
(ansiedade) significativo, porém controlável e um nível de
atenção maior quando se está dirigindo. Diante do medo, pode-se até desejar que
outras pessoas dirijam em ruas onde o trânsito é mais movimentado ou nas
rodovias. Todavia, sendo necessário, a pessoa assume o volante do carro.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqDnw5Syc9E5u1bQh73N2EWH5GpVWFCYvWS0xgBEYqv9fWB_AjWbDnYE5Siy3uEBtAI9HY-pnKaneNyi9i-I9M2LiF9NU5vlU5u4sZpuoao4WkJHaP-eYKIVyBnn5VC69e-dNNWLvudOEa/s320/medo+III.jpg)
A fobia de dirigir, por outro lado, tem como características uma
ansiedade e/ou medo intensos e algumas reações corporais como sudorese,
tremores nos braços e pernas, taquicardia e boca seca. Tudo isso experienciado
diante do ato ou da simples possibilidade de dirigir. Após uma ou mais
experiências como essa, a pessoa tende a se esquivar de dirigir.Inventa,muitas
vezes, desculpas para si e para os familiares e amigos com o objetivo de evitar
críticas: "Prefiro andar porque é mais saudável" ou "Esse carro
é muito grande, vou comprar um menor". Segue-se, então, uma vida cheia de
limitações, onde não se pode visitar amigos que morem longe ou ir ao teatro
porque a peça termina tarde. Torna-se dependente do filho que tirou habilitação
ou dos amigos que dirigem normalmente. A fobia pode ser impeditiva para que se
obtenha a CNH - Carteira Nacional de Habilitação ou pode fazer com que se
abandone o comportamento de dirigir tão logo se consiga a habilitação.
Alguns
estudos (Corassa, 2000; Bellina, 2003) têm levantado informações sobre o perfil
das pessoas que apresentam medo de dirigir (ou fobia). São pessoas extremamente
responsáveis, organizadas, detalhistas, sensíveis e inteligentes. Em geral, têm
medo de errar, ressentem-se com as críticas e exigem de si e dos outros uma
conduta sempre acertada com desempenho elevado. Quando dirigiram (ou se ainda
dirigem) observaram sempre as falhas do outro como não acionar a seta para
mudar de faixa. Provavelmente, estiveram (ou estão) muito atentas à buzina dos
outros carros, sempre achando que estão fazendo algo de errado. Sofrem
antecipadamente pelo erro que podem cometer ou ainda não cometeram. Alguns
estudos (Corassa, 2000; Bellina, 2003) têm levantado informações sobre o perfil
das pessoas que apresentam medo de dirigir (ou fobia). São pessoas extremamente
responsáveis, organizadas, detalhistas, sensíveis e inteligentes. Em geral, têm
medo de errar, ressentem-se com as críticas e exigem de si e dos outros uma
conduta sempre acertada com desempenho elevado. Quando dirigiram (ou se ainda
dirigem) observaram sempre as falhas do outro como não acionar a seta para
mudar de faixa.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAED1E9s-SGKf5cE2Aq13ONRtmp9xc6SYwNcd1vBTk7e9ZZxj_vV3Sdn4nc3WOpVSh89a6fy5_Wg_xsgAybqYnF_PVTJNgfP4ftdKrwlJ51GcjyIrKiUHkvm1_am29XNv6kjCyiSi2h07R/s400/medo+II.jpg)
Provavelmente, estiveram (ou estão) muito atentas à buzina dos
outros carros, sempre achando que estão fazendo algo de errado. Sofrem
antecipadamente pelo erro que podem cometer ou ainda não cometeram. São pessoas
que têm um nível elevado de ansiedade generalizada, podendo, inclusive ter um
transtorno como fobia social, transtorno do pânico, TEPT ou TOC.
Bellina (2003) apresenta uma pesquisa realizada com 4000 pessoas
com medo de dirigir em que 28% dessas pessoas nunca sofreu acidente
automobilístico, e 40% sofreu, mas não estavam dirigindo. Esse dado mostra que
as causas do medo de dirigir, como de outras fobias não são, necessariamente,
relacionadas diretamente ao objeto/ evento fóbico. A mesma pesquisa mostra que
85% dos entrevistados eram do sexo feminino, o que revela que a mulher é grande
maioria no diagnóstico para fobia de dirigir. A maioria das pessoas possuía
entre 30 e 48 anos e 85% possuíam carro próprio.
Etiologia e tratamento
O sentimento de medo excessivo e irracional de dirigir associado
à evitação do ato de dirigir ou ansiedade intensa ao dirigir com a presença de
palpitações, suores excessivos, tremores, tonturas, mal estar gástrico,
dificuldade psicomotora, vontade de sair correndo pode ser classificado como um
transtorno fóbico específico pelo DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais). Mas, de acordo com Taylor, Deane e Podd (2000), tal
classificação não é um consenso e diferenças na classificação poderiam
determinar investigação e tratamentos diferentes.
Eventos ontogenéticos (história de vida da pessoa) e
sócio-culturais têm sido considerados no momento de investigar os fatores que
determinam a fobia. Não há um consenso para a Psicologia sobre sua origem
exata, mas o tratamento baseado nas teorias existentes é possível e produz
resultados significativos na grande maioria dos casos. Dentre as abordagens de
intervenção utilizadas, destaca-se a Terapia Comportamental pela sua eficácia.
Abaixo, seguem algumas orientações para quem deseja vencer o
medo/fobia de dirigir baseadas na obra de Corassa (2000):
1) Compasse a sua respiração. O ansioso
tem uma respiração rápida e "curta", utilizando, apenas, o tórax. De
boca fechada, inspire lentamente pelo nariz e vá sentindo o ar chegar até os
seus pulmões. Deixe seu abdômen expandir enquanto inspira, utilizando o músculo
diafragma. Depois expire devagar pela boca.
2) Faça algum tipo de atividade física e
relaxamento muscular, para produzir endorfinas, substâncias que neutralizarão a
química da ansiedade.
3) Inicie uma aproximação com o carro
mesmo dentro da garagem. Entre, ajuste o banco, sinta o espaço interno, ligue e
desligue o carro.
4) Ainda dentro da garagem,
ligue o carro e faça pequenos movimentos para frente e para trás.
5) Dê voltas no quarteirão em horários
sem movimento. Procure ruas tranqüilas e que não tenham crianças.
6) No começo, escolha sempre um ou dois
trajetos. Isto evitará ansiedade.
7) Comprometa-se consigo mesmo(a), pelo
menos duas vezes por semana para praticar o exercício de dirigir. Esta prática
deve ser considerada como uma tarefa do dia-a-dia. O hábito diário é que fará
você adquirir confiança.
8) Quando se sentir confiante, inicie
trajetos maiores ou que tenham subidas e uma maior quantidade de veículos.
Infelizmente, poucas são as pessoas que conseguem superar
sozinhas o medo de dirigir. A essas pessoas é aconselhável procurar um
tratamento especializado com um psicólogo.
Referências
American Psychiatric Association (1995). Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais (DSM-IV). Porto Alegre, Ed. Artes Médicas Sul,
http://www.inpaonline.com.br/artigos/voce/medo_de_dirigir.htm
Aconteça o que acontecer continue respirando!